Colecionou prêmios, títulos, amigos e admiradores
Setembrino Petri destacou-se pelo conhecimento e também pela gentileza
Por: Patrícia Pasquini – 28.mar.2023 às 17h55
Setembrino Petri era um colecionador de conhecimento, prêmios, títulos, condecorações, amigos e admiradores. Participou de inúmeras bancas e escreveu 113 artigos, oito livros e 12 capítulos de livros. Professor, cientista e pesquisador, publicou 50 trabalhos em anais de congressos.
“O professor Setembrino orientou muita gente do primeiro escalão das geociências do Brasil. Por exemplo, orientou meu orientador e, portanto, sou seu neto acadêmico”, afirma o amigo Paulo César Fonseca Giannini, professor titular do Instituto de Geociências da USP.
Os estudos de Petri contemplam a área de geociências, com ênfase em paleontologia, sedimentologia e estratigrafia. Suas pesquisas incluem sedimentos e rochas pré-cambrianas a holocenas de diversas regiões brasileiras.
Petri nasceu em Amparo (a 133 km de São Paulo), numa família de músicos. Diferentemente dos pais e irmãos, escolheu o caminho da ciência. Ingressou em história natural na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em 1942 —na época, não havia curso de geologia em São Paulo. Na mesma instituição, em 1948, finalizou o doutorado em história natural.
Na USP, foi professor, diretor do Instituto de Geociências e do Museu Paulista. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Fuvest (1976-1983) e coordenador-geral dos vestibulares (1979, 1982 e 1983). Aposentou-se em 1985.
O laboratório de micropaleontologia do Instituto de Geociências leva o seu nome.
A carreira na USP só foi interrompida de 1950 a 1954, quando atuou como geólogo no Conselho Nacional do Petróleo.
Por poucos meses, Bino, como era chamado pelos amigos, dirigiu a Eca (Escola de Artes Dramáticas) da USP, na época da ditadura, segundo Giannini.
“Ele foi uma espécie de interventor. Não é que, mesmo nessa situação e em tão pouco tempo, ele conseguiu ser respeitado e admirado entre os estudantes da Escola de Arte Dramática? Poucos anos depois, um desses estudantes, Stênio Garcia, prestou-lhe uma homenagem com seu personagem do seriado ‘Carga Pesada’, da Rede Globo”, relata o amigo.
Em 2002, Petri presidiu a Sociedade Brasileira de Paleontologia. Além disso, por mais de 20 anos, atuou na Sociedade Brasileira de Geologia e era o mais antigo membro da Academia Brasileira de Ciências.
No CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), participou do comitê assessor e da coordenação da área de ciências da terra. Ficou no órgão entre 1990 e 1993.
Setembrino Petri morreu no dia 1º de março, deixando a mulher, dois filhos, três netos e dois bisnetos. A causa da morte não foi divulgada.
“Ele respeitava e valorizava o novo, e com isso se rejuvenesceu constantemente, como cientista e na vida pessoal, até os seus cem anos”, conta Giannini.
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