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Pesquisa do IGc é destaque na mídia nacional e internacional

O aumento em cerca de 3 vezes das emissões de gases-estufa no Xingu por conta da Usina Hidrelétrica de Belo Monte foi um dos resultados obtidos durante o doutorado do pesquisador Dailson José Bertassoli Junior, no IGc/USP.

A pesquisa intitulada “Mudanças climáticas e antrópicas no leste da Amazônia durante o Holoceno tardio” sob orientação do Prof. Andre Oliveira Sawakuchi foi defendida em setembro de 2019, porém tem ganhado destaque na mídia nacional e internacional devido à publicação de um artigo originado dessa pesquisa na Science Advances no dia 25 de junho de 2021.

O artigo “How green can Amazon hydropower be? Net carbon emission from the largest hydropower plant in Amazonia” (tradução livre: Quão verde pode ser a energia hidrelétrica da Amazônia? Emissão líquida de carbono da maior usina hidrelétrica da Amazônia.), publicado em parceria com pesquisadores da Universidade de Linköping (Suécia), Universidade de Washington (Estados Unidos), Universidade Federal do Pará (Brasil) e com o Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP foi destaque no Caderno de Ambiente da Folha de São Paulo em 25 de junho de 2021 (Belo Monte aumentou emissões de gases-estufa no Xingu em cerca de 3 vezes, diz estudo) e no Portal da TV estatal francesa de notícias internacionais, France24 (Amazon hydropower plant contributes significant greenhouse emissions: study – Usina hidrelétrica da Amazônia contribui com emissões de efeito estufa significativas: estudo).

O time de pesquisa na área de Belo Monte – Vídeo por: Dailson José Bertassoli Junior

Entenda o estudo>>>

A construção de novas usinas hidrelétricas em rios da Amazônia tem sido um tema controverso ao longo da última década. Nesse contexto, a usina hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, gerou um grande debate sobre as vantagens e desvantagens de se construir uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo na Amazônia, em uma área de grande relevância social e ambiental. Parte da justificativa para a construção de Belo Monte é que usinas hidrelétricas geram energia com baixas emissões de gases de efeito estufa e com custo menor do que outras fontes renováveis. Porém, diversos estudos questionam essa suposição e demonstram que as emissões de gases de efeito estufa associadas a algumas usinas hidrelétricas no ambiente Amazônico podem inclusive superar as emissões de termelétricas. Dessa forma, entender as emissões de gases de efeito estufa a partir do reservatório de Belo Monte é essencial para um planejamento estratégico eficiente da expansão da rede de geração de energia elétrica no país. Um dos principais fatores que contribuem para as emissões a partir de usinas hidrelétricas é a geração de metano, um gás com grande potencial para o efeito estufa, a partir da biodegradação de material orgânico retido no fundo do reservatório. Para entender um pouco mais esse assunto, realizamos medidas para avaliar as emissões de metano e dióxido de carbono na área do reservatório de Belo Monte antes e depois do barramento do Rio Xingu. Nossos resultados mostraram um aumento expressivo nas emissões de metano em solos alagados pela construção da usina. Evidenciaram também a necessidade de uma densa rede de amostragem para que as emissões do reservatório sejam estimadas corretamente. As emissões por área na usina hidrelétrica de Belo Monte estão entre as maiores do mundo. Porém, devido às características técnicas da usina, que demandam um reservatório proporcionalmente menor do que usinas convencionais, as emissões por energia gerada em Belo Monte são menores do que a maioria dos outros reservatórios construídos na Amazônia. Nosso estudo reforça a ideia do alto potencial de reservatórios amazônicos para a geração de gases do efeito estufa e sugere que planos para a expansão da rede de geração elétrica  no país devem priorizar o desenvolvimento de estratégias que minimizem a formação de novas áreas alagadas em ambiente amazônico.

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