Quanto vale um fóssil de dinossauro? Leilão a ser realizado nos EUA pode arrecadar até R$ 33 milhões

Sotheby’s leiloa fósseis de dinossauros desde os anos 1990 e já chegou a faturar mais de R$ 245 milhões com um estegossauro
Publicado: 23/06/2025 às 17:33 – Estadão – Fonte: http://bit.ly/4l5U7Pe
Texto: Geovanna Hora

No ano passado, a casa de leilões vendeu o Apex, um estegossauro arrematado pelo bilionário Kenneth Griffin, por US$ 45 milhões (cerca de R$ 246,9 milhões em valores atuais). O item foi emprestado ao Museu Americano de História Natural, em Nova York.
O leilão do ceratossauro – apenas o quarto da sua espécie já encontrado no mundo e o segundo mais completo existente, segundo a Sotheby’s – está previsto para o dia 16 de julho, em Nova York. Ele ficará exposto na sede da empresa entre os dias 8 e 15 de julho.
Descoberto nos anos 1990
O fóssil de ceratossauro tem 139 elementos ósseos, com um crânio completo e articulado, e mede aproximadamente 1,9 metro de altura e 3,25 metros de comprimento.
Este é o primeiro fóssil de um ceratossauro juvenil já encontrado e foi descoberto na Pedreira Bone Cabin, no estado de Wyoming, nos EUA, em 1996. Ele chegou a ser exposto sem montagem no Museu da Vida Antiga, na cidade de Lehi, no estado de Utah.
O ceratossauro foi um dinossauro carnívoro, que se distinguia por ter um chifre nasal característico, dentes alongados e uma fileira de couraça óssea que descia por suas costas e cauda. Ele era veloz e provavelmente caçava presas de pequeno e médio porte.
“Este Ceratosaurus juvenil é uma maravilha da preservação pré-histórica – um espécime extraordinário que une raridade científica e beleza natural”, afirmou a vice-presidente e diretora global de Ciência e História Natural da Sotheby’s, Cassandra Hatton, em uma nota publicada no site da casa de leilões.
Venda de fóssil de dinossauro é permitida?
A legislação em relação a venda de fósseis varia de país para país. No Brasil, a coleta, posse e comercialização de fósseis é proibida. Em vigor até hoje, o Artigo 1º do Decreto-Lei nº 4.142, de 4 de março de 1942, determina que todos os fósseis retirados do solo brasileiro são propriedade da União.
O mestre em Geociências e Museologia Felipe Alves Elias, que atua na Seção de Divulgação e Exposições do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), explica que somente instituições e agentes autorizados pela Agência Nacional de Mineração podem realizar a coleta destas peças.
“Esses materiais seguem protocolos de controle e mapeamento visando não apenas sua preservação, como também registros de dados de relevância científica”, afirma. “Os fósseis, uma vez coletados, devem ser encaminhados ou transferidos para instituições públicas de pesquisa e ensino, como universidades e museus.”
A doutora em Paleontologia Juliana de Moraes Leme, professora do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental do Instituto de Geociências da USP, afirma que a comercialização de fósseis brasileiros é um crime federal, a ser investigado pela Polícia Federal (PF). A pena para quem explorar matéria-prima pertencente à União sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo é de até 5 anos de reclusão e multa.
Nos EUA, contudo, a venda de fósseis é legalizada, desde que o item tenha sido coletado em terras privadas e a comercialização não desrespeite nenhuma lei estadual ou local.
Apesar da legalidade, os especialistas alertam que a venda de fósseis compromete informações de interesse científico, já que, ao ser comprado por colecionadores particulares, esses materiais não ficam acessíveis aos pesquisadores.
Fonte: http://bit.ly/4l5U7Pe