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IGc na Mídia – Mineração espacial aparece como alternativa futura, mas processo é caro e complexo

Além de cara e complexa, diz Douglas Galante, a técnica ainda passa por longos processos de pesquisa e desenvolvimento

Publicado: 09/04/2025 às 11:24 – JORNAL DA USP – Fonte: https://jornal.usp.br/?p=875245

Texto: Yasmin Teixeira

A mineração espacial se caracteriza pela retirada de recursos específicos, principalmente minerais, de corpos celestes como a Lua – Foto: Min An/Pexels

Em um mundo marcado pela escassez e por conflitos geopolíticos por recursos naturais e minerais, a busca por novas técnicas e possibilidades para o enriquecimento humano torna-se frenética e, dentre as alternativas, a mineração espacial é uma das opções que vêm ocupando um grande interesse coletivo.

Em 27 de fevereiro de 2025, a AstroForge, empresa aeroespacial sediada na Califórnia, lançou a espaçonave Odin, avaliada em US$ 6,5 milhões. A missão contou com o foguete Falcon 9 e despertou grande atenção do público. A aeronave carrega um desafiador objetivo: sobrevoar o asteroide 2022 OB5, a cerca de 8 milhões de quilômetros da Terra, para avaliar sua composição e, assim, estudar a possibilidade de uma futura exploração de minérios preciosos, especialmente platina, em asteroides. A Odin foi construída em menos de dez meses e o investimento geral realizado pela AstroForge foi de mais de US$ 55 milhões (cerca de R$ 337 milhões).

Douglas Galante – Foto: Lattes

Pesquisa e desenvolvimento

De acordo com o professor, a técnica ainda passa por longos processos de pesquisa e desenvolvimento. Além de cara, é também bastante complexa, devido à alta tecnologia envolvida desde o lançamento da espaçonave até a extração dos minérios. Até hoje, nenhuma exploração espacial passou da Lua, tornando a AstroForge pioneira no campo. “A mineração no espaço é cara porque é feita no espaço, a ideia é que você tem que montar uma pequena indústria mineradora na Lua ou em Marte, até mesmo coletar asteroides inteiros e processar eles lá, porque não se pode trazer um asteroide para a Terra, mas processar o máximo no espaço e trazer para Terra apenas os insumos”, detalha Galante.

Apesar de complexa, se futuramente viável, a mineração espacial pode oferecer grandes ganhos aos seus exploradores. Estatísticas indicam que apenas um asteroide seria capaz de suprir a demanda da indústria tecnológica por anos, oferecendo a possibilidade de desaceleração da exploração terrestre. Entretanto, a possibilidade não exclui a massiva utilização de combustíveis fósseis nos lançamentos de foguetes ou a possível contaminação de corpos celestes, que seriam alterados durante o processo de mineração, o que pode gerar uma grande quantidade de lixo espacial.

Outros entraves se relacionam com a geopolítica do ambiente espacial. Nos Estados Unidos, há a U.S. Commercial Space Launch Competitiveness Act, também conhecida como Space Act of 2015, lei que permite que empresas privadas explorem e tenham a posse de recursos extraídos de asteroides e outros corpos celestes. Entretanto, a lei não garante soberania nacional sobre os recursos, levando a crer que outros países também poderiam realizar a exploração. O cenário é favorável a uma possível disputa comercial, principalmente ao considerar-se os recentes entraves econômicos do governo Trump.

Apesar disso, Galante ressalta que, se bem planejada e discutida, a mineração espacial pode vir a favorecer a população global. “Se no horizonte, como civilização, almejamos ir além da Terra, acho que é essencial que a gente aprenda a fazer mineração espacial, da melhor forma possível, da maneira menos custosa e mais eficiente (…) Não precisamos pensar simplesmente no enriquecimento de poucos. A mineração espacial pode vir para o bem de muitos. Ela só tem que ser feita com cuidado e de forma transparente, para todos saberem o que está acontecendo.”

A mineração espacial se caracteriza pela retirada de recursos específicos, principalmente minerais, de corpos celestes, como asteroides, Lua ou Marte, visando à coleta de minérios, produção de combustível e outros. A opção é vista como uma promissora alternativa à exploração terrestre, que se prova destrutiva e lentamente insuficiente para a continuidade do consumo humano. Segundo Douglas Galante, professor de Geobiologia do Instituto de Geociências da USP, a técnica tem um futuro promissor: “Ela [mineração espacial] tem um potencial econômico gigantesco, porque existem vários minérios de interesse econômico abundantes no espaço”.

*Sob supervisão de Paulo Capuzzo e Cinderela Caldeira

Fonte: https://jornal.usp.br/?p=875245