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O pesquisador Lucas Del Mouro fala sobre sua experiência no projeto Tracking the Rise of the Earliest Animals During the Cambrian Explosion – a Brazilian Perspective from the Global South

Atualmente faço parte do corpo de pesquisadores do projeto temático, “A Província Magmática Paraná: petrogênese, cronologia e impacto ambiental do magmatismo toleítico, alcalino e silícico Cretáceo na Plataforma Brasileira” – FAPESP 2019/22084-8, coordenador pelo professor Dr. Valdecir A. Janasi.

A nossa pesquisa iniciou em 2021, e é voltada para a procura de evidências de vida no centro-sul do Brasil durante o período Valangiano (cerca de 132 Ma), onde a Província Magmática Paraná-Etendeka situada entre América do Sul e na Namíbia atual e liberou enormes quantidades de dióxido de enxofre, meitnério e fluoreto de hidrogênio na atmosfera. Dados recentes obtidos de rochas sedimentares e vulcanoclásticas intercaladas com lavas da Paraná-Etendeka no Brasil sugerem que o processo de desgaseificação de SO2 do vulcanismo causou um resfriamento do clima e reestruturou o padrão de precipitação, resultando em condições mais úmidas no centro-sul do Brasil. Apesar da disponibilidade de dados sedimentológicos e geoquímicos, a LIP-PE não foi investigada em termos de sua importância paleobiológica porque rochas ígneas são tipicamente consideradas não propícias à preservação de restos biológicos fossilizados.

Em 2022, realizei um parte da pesquisa no Laboratório Ortega-Hernandez da Universidade de Harvard, onde avançamos no reconhecimento dos fósseis que revelam a presença de vida e a o resultado da pesquisa encontra-se em processo de publicação. Após esse 1 ano lá, me tornei colaborador externo do Laboratório ( https://ortega-hernandezlab.oeb.harvard.edu/lab-members) e em parceria com Dr. Javier Ortega-Hernadez e outros colegas do Brasil, fomos selecionados para o Lemann Funding (https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:7056657745558577152/ , 2023 Lemann Brazil Research Fund awardees announced – Harvard Gazette).

O Lemann Brazil Research Fund apoia pesquisas de professores de Harvard relacionadas ao Brasil sempre em parceria com pesquisadores de universidades brasileiras. Nesse projeto:
– Investigando o surgimento dos primeiros animais durante a Explosão Cambriana – uma perspectiva brasileira do Sul Global.
– Tracking the rise of the earliest animals during the Cambrian Explosion – a Brazilian perspective from the Global South

Nesse projeto, nos voltamos para a busca de informações a respeito da origem dos animais, uma das questões mais estudadas – mas ainda difíceis – na biologia, a qual o registro fóssil oferece a única fonte de dados que informa diretamente a evolução e ecologia precoce de ecossistemas complexos no tempo pretérito. Os animais surgiram pela primeira vez aproximadamente há 540 milhões de anos durante a chamada Explosão Cambriana, um evento de mudança evolutiva rápida e inovação ecológica sem precedentes que estabeleceu a composição e dinâmica da biosfera marinha moderna. O período Cambriano é definido pela primeira aparição de fósseis de animais reconhecíveis no registro, mas evidências anteriores de organismos complexos vêm de estratos neoproterozoicos mais antigos ao redor do mundo, particularmente do Período Ediacarano (ca. 635 a 538 Ma).

Apesar de suas vantagens, o esforço dos trabalhadores no registro de microfósseis de animais durante a transição Ediacarano-Câmbrico sofre de víeis significativos. O número de formações geológicas pesquisadas e estudos publicados que se concentram no Hemisfério Norte é quase 10 vezes maior do que aqueles no Hemisfério Sul, com países da América Latina sendo particularmente sub-representados. Essas discrepâncias obscurecem nossa compreensão científica de uma das transições evolutivas mais importantes na história da Vida na Terra devido à amostragem altamente heterogênea e perpetuam práticas raizadas na colonização com custos diretos para a humanidade e a sociedade, como a falta de acesso a oportunidades educacionais e de pesquisa para as comunidades locais e cientistas. O Brasil oferece uma oportunidade única para investigar a origem e a evolução precoce de animais complexos graças as bacias sedimentares que possuem uma seção estratigráfica entre o limite Ediacarano-Cambriano.

Esse projeto conta com os pesquisadores, Javier Ortega-Hernandez (Universidade de Harvard) Lucas Del Mouro (Universidade de São Paulo); Milene Freitas Figueiredo (Petrobras); Silane Silva (Universidade Federal do Mato Grosso); Ezequiel Galvão (Universidade Federal do Pampa), além da colaboração de Luana Pereira Costa de Morais (IGCE Unesp Rio Claro) e Bruno Becker-Kerber (USP/CNPEM).