Reconhecimento Internacional do Cânion do Peruaçu pela UNESCO tem Marca do IGc/USP

O Cânion do Peruaçu, localizado no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, foi reconhecido oficialmente como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO neste domingo, 13 de julho de 2025. O anúncio foi feito durante a 47ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, em Paris, França. O reconhecimento é baseado em dois critérios da UNESCO: (vii) a excepcional beleza natural e (viii) a importância geológica e geomorfológica do local. Trata-se da primeira vez que um parque brasileiro é reconhecido como Patrimônio Mundial com base no critério geológico.

Com 38.003 hectares, o Cânion do Peruaçu abriga uma impressionante combinação de ecossistemas da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, além de uma rica biodiversidade — são mais de mil espécies de flora e cerca de 950 de fauna identificadas. A região também guarda importantes sítios arqueológicos, com registros de presença humana de até 12 mil anos, incluindo pinturas rupestres bem preservadas.

Entre os principais atrativos do cânion estão a Gruta do Janelão, com galerias que ultrapassam 100 metros de altura e 60 de largura, e a Perna da Bailarina, considerada a maior estalactite do mundo, com aproximadamente 28 metros.

A conquista do título internacional é resultado de anos de pesquisa e ações de divulgação científica realizadas por pesquisadores de diversas instituições. Nesse cenário, o Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc/USP) teve participação decisiva, com destaque para os trabalhos dos professores Nicolás Misailidis Stríkis, Maria da Glória Motta Garcia, Denise de La Corte Bacci Toledo, Christine Laure Marie Bourotte e, especialmente, do professor Francisco William da Cruz.

Coordenador do projeto temático que articulou as contribuições dos docentes do IGc, o professor Francisco William da Cruz também foi o principal responsável pela criação da Exposição Permanente sobre o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, inaugurada em 21 de junho de 2025. A mostra reúne materiais, painéis científicos e recursos educativos com o objetivo de divulgar as pesquisas realizadas na região, formar guias turísticos locais e promover a educação ambiental junto à comunidade.

Aexposição contou ainda com a participação de especialistas de diferentes áreas, entre eles a pesquisadora Lilian da Silva Cardoso, autora de uma dissertação sobre os conflitos socioambientais na área do parque sob orientação da Profa. Denise de La Corte Bacci Toledo. A maquete do cânion, baseada em imagens 3D, foi desenvolvida pelo Prof. Carlos Grohmann (IAG-USP) e finalizada por Marco Antonio Diniz dos Santos, da equipe técnica do IGc/USP.

Também foram fundamentais os estudos paleoclimáticos conduzidos por Nicolás Stríkis durante seu doutorado, orientado pelo professor Francisco William da Cruz, no âmbito de um projeto temático da FAPESP realizado no próprio parque. Essas pesquisas, junto a outras iniciativas científicas, enriqueceram o acervo da candidatura e evidenciaram a relevância geológica da região — um fator decisivo para a conquista do título concedido pela UNESCO. O reconhecimento reforça o compromisso do Brasil com a preservação de seu patrimônio natural, impulsiona o turismo sustentável na região e valoriza a história, ciência e cultura do Norte de Minas.

Vista da Gruta do Janelão e a Perna da Bailarina ao fundo, no Cânion do Peruaçu – Foto: Ataliba Coelho

Você pode gostar...