Taxa média de afundamento de Jacarta, por ano, foi de 7,5 centímetros entre os anos de 1982 e 2011
No mês passado, a Indonésia, erguida em meio a uma densa floresta tropical, inaugurou a nova capital: Nusantara. A ação faz parte de um ambicioso projeto de infraestrutura, aprovado pelo presidente Joko Widodo como um símbolo do crescimento econômico do arquipélago. De acordo com o Banco Mundial, o país poderá crescer acima de 5% entre 2024 e 2026. O motivo pelo qual o país terá uma nova capital é, no entanto, curioso: Jacarta, a antiga capital do quarto país mais populoso do globo, está afundando. As informações são do g1.
Mesmo com as expectativas positivas acerca do papel econômico da cidade, a nova capital ainda se assemelha a um grande canteiro de obras, uma vez que as atividades começaram a menos de dois anos. A imprensa internacional estipula que Nusantara opere plenamente somente na década de 2040.
Afundamento de Jacarta
O afundamento é um fenômeno geológico nomeado de subsidência. No momento, estimativas apontam que 40% da cidade de Jacarta esteja abaixo do nível do mar.
A população da antiga capital da Indonésia sente os efeitos na pele. Isso porque o afundamento do solo tem como consequência inundações crônicas, que são cada vez mais difíceis de serem drenadas e fazem com que a população tenha contato direto com água suja e a proliferação de doenças.
A taxa média de afundamento de Jacarta, por ano, foi de 7,5 centímetros entre os anos de 1982 e 2011, apontou um estudo chamado Land subsidence of Jakarta (Indonesia) and its relation with urban development (Afundamento do solo de Jacarta (Indonésia) e sua relação com o desenvolvimento urbano, em tradução livre). Durante as medições, o grupo averiguou que Jacarta teve a maior velocidade de afundamento do mundo.
Além disso, a zona norte da cidade, conectada à Bacia de Jacarta e à cidade de Cikarang, unida à antiga capital pelo oeste, são as áreas que afundam com maior rapidez, conforme apontou outro estudo que foi publicado na revista Geocartio International.
Em 30 anos, até 95% da região norte de Jacarta poderá estar totalmente submersa, estimaram pesquisadores do instituto de tecnologia de Bandung, que é um influente centro urbano do país.
Causas da subsidência
A subsidência em Jacarta está ligada à quatro fatores principais, de acordo com Renato Henrique Pinto, professor do Instituto de Geociências da USP.
- Urbanização rápida e desordenada: com a expansão da malha urbana da cidade, um grande número de pessoas foi atraída para o local, o que elevou a pressão por recursos hídricos. O professor aponta, ainda, o descuido com o solo, que corroborou com processos erosivos que fragilizam o solo;
- Extração abusiva de água subterrânea: Os problemas de saneamento básico motivaram a perfuração de poços artesianos, devido à desconfiança do fornecimento superficial de água potável. Por isso, cerca de 60% dos 11,35 milhões de habitantes utilizam água bombeada do subterrâneo para os afazeres diários, o que causa a perda de sustentação do solo;
- Subsidência natural relacionada a fenômenos tectônicos: Para além das razões humanas, a antiga capital está situada em uma região de subducção (encontro) da placa Indo-Australiana com a placa da Eurásia, o que reduz a acomodação do solo;
- Compactação dos sedimentos pouco consolidados: As rochas sedimentares, antes da litificação, são compostas por sedimentos inconsolidados, o que faz parte do ciclo das rochas. Por conta da profundidade, os depósitos perdem água e se tornam compactos com o tempo. No caso de Jacarta, o professor destaca que os depósitos estão em processo de compactação, contribuindo para o afundamento.
Leia na íntegra: https://bit.ly/3BdR0ma