Com as novas regras de curricularização estabelecidas pelas Pró-Reitorias de Graduação e de Cultura e ExtensãoUniversitária da USP as Atividades Extensionistas (AEX) ganharam maior protagonismo. Como parte do tripé que compõe a Universidade (Ensino | Pesquisa | Extensão) a Extensão não tinha sua configuração bem delimitada e por conta disso não possuía ferramentas e metodologias que possibilitassem seu acompanhamento e avaliação.
Em 2023 as Pró-Reitorias de Graduação e de Cultura e Extensão Universitária lançaram o guia para “Regulamentação da Curricularização da Extensão na Universidade de São Paulo: conceituação, operacionalização e implementação” [atualmente em sua segunda edição] criado pelo Grupo de Trabalho Curricularização baseado na legislação vigente adaptada às necessidades e realidades das unidades de ensino da USP.
Como fruto desse trabalho foi criada a Atividade Extensionista intitulada “Programa Aziz Ab’Saber -inspirado no Projeto Rondon, fase 1: rochagem e saneamento no Assentamento Agrícola de Iperó (SP)” coordenado pelos Professores Paulo Cesar Boggiani e Alexandra Vieira Suhogusoff do Instituto de Geociências e conta com a parceria do Instituto Terra Viva (Instituto de Agroecologia).
Baseada no histórico Projeto Rondon e com forte apelo socioambiental, o projeto tem sido impactante tanto para a comunidade, quanto para os estudantes.
Conheça um pouco mais sobre a atividade:
Descrição da Atividade
É de amplo conhecimento no meio universitário a experiência do Projeto Rondon na extensão universitária. Criado em 1967 e interrompido em 1989, foi retomado em 2005, a pedido da União Nacional de Estudantes – UNE. A partir da experiência prévia de docentes do IGc, em edição do Projeto Rondon em Mato Grosso do Sul, entende-se que a execução de atividades semelhantes, no âmbito da USP, seria uma boa iniciativa de se implementar a extensão universitária no processo de curricularização que se inicia. A ideia do projeto é trabalhar a extensão universitária em comunidade específica, com o conhecimento prévio da mesma, principalmente socioambiental, no sentido de levantar as suas necessidades. Na fase piloto, pretende-se trabalhar com a comunidade do Assentamento Agrícola de Iperó (SP), da qual já se tem conhecimento prévio. A atividade de extensão ocorrerá através de oficinas organizadas pelos estudantes para aprimoramento de técnicas de remineralização de solos (rochagem) em uso, e no tocante ao saneamento, construir fossas biodigestoras para melhorar o esgotamento sanitário e diminuir a carga orgânica, biológica e de sais nas águas subterrâneas e, em outra frente, realizar o diagnóstico de risco sanitário dos poços com orientações sobre sua localização, construção e manutenção. Os estudantes serão orientados a organizarem oficinas na forma de diálogo, com aproveitamento dos conhecimentos dos agricultores. Nesse diálogo, serão repassados conceitos sobre as rochas usadas como remineralizadores, sua mineralogia e origem e como o processo intempérico disponibiliza os elementos necessários para a fertilização dos solos e conceitos de água subterrânea e contaminação. Seguindo ainda os preceitos de Paulo Freire (Gadotti 2027), pretende-se realizar atividades extensionistas na forma de mão dupla, não apenas com inserção do conhecimento ao público-alvo, mas algo construído com eles e aproveitando seus saberes próprios, o que enriquecerá a experiência dos estudantes envolvidos
“Foi extremamente válido poder ver a geologia na prática cotidiana e entender como essa ciência é, muitas vezes, pouco conhecida pelo público geral, ainda que esteja tão presente em seu cotidiano.”
Depoimento anônimo de um estudante