Minha especialidade é em Métodos de Campo Potencial, Espectrometria de Raios Gama e Sensoriamento Remoto. Ultimamente, tenho estudado Machine e Deep Learning para integrar grandes conjuntos de dados, comuns nesses métodos. Cada projeto em que trabalho mostra que esses métodos são versáteis e aplicáveis a um número considerável de situações, desde atividades vulcânicas até investigações de contaminação do meio ambiente (sob determinadas condições). Minha paixão, como pesquisador, é a atividade vulcânica, o que não é muito comum para quem viveu a maior parte de sua vida em um país sem vulcanismo ativo desde o Pleistoceno.
Novas tecnologias exigem uma reavaliação não apenas de dados já coletados, mas de muitas questões das Ciências da Terra. Por exemplo, dados de campo magnético têm sido usados há décadas como método secundário para monitoramento de atividade vulcânica, reunindo apenas dados de intensidade do campo – que muda de acordo com as mudanças geométricas e de temperatura na câmara magmática. No entanto, novas tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), protocolos de rede Low Power, Wide Area (LPWA) e microprocessadores do tipo Arduino nos permitem desenvolver redes de magnetômetro para monitorar todos os componentes vetoriais do campo magnético quase em tempo real. Em outra vertente, drones agora permitem para pesquisas de alta resolução com custos mínimos.
Fui admitido em 2017 na Universidade de São Paulo como Professor Doutor (MS-3). Em 2020, tornei-me oficialmente líder/coordenador do Grupo GEOLIT, atualizando-o-o para Grupo de Pesquisa de Geociências da Litosfera (GEOLIT | IGc – USP) para incluir geólogos do meu instituto. O grupo conta com 25 alunos de diferentes níveis, quatro professores e três geofísicos do setor. Poucos meses depois, co-fundei o Laboratório de Inteligência Artificial em Geociências (Intelli + Geo), promovendo com meus pares o Mini-Curso Avançando Para O Futuro: Inteligência Artificial em Geociências – Fundamentos, Importância, Aplicações e Exemplos, que atingiu mais de 1500 pessoas.
Hoje, minha pesquisa tem duas frentes: a de risco geológico (geohazard) e a exploratória. A frente de geohazard está centrada no desenvolvimento de uma rede de magnetômetros de baixo custo, baseada em plataforma Arduino, incluindo tecnologia IoT e protocolos de rede LPWA, para monitorar mudanças na câmara magmática de vulcões. Mudanças na câmara magmática causam contrastes sutis no campo geomagnético. Esta metodologia tem sido usada para monitoramento vulcânico há muito tempo, porém usando um único magnetômetro. A ideia é empregar tecnologias de baixo custo para compreender não apenas as variações na intensidade da magnetização vulcânica, mas também em sua inclinação e declinação ao longo do tempo. Os dados sismológicos e InSAR irão complementar os dados do campo magnético. Esta pesquisa é uma colaboração entre o GEOLIT | IGc e o Serviço Geológico Colombiano (SGC). Os magnetômetros estão na fase de protótipo, usando dois protoboards Arduino Uno, um sensor magnético de baixa precisão e duas antenas LoraWAN®.
Na frente exploratória, trabalhos de campo desenvolvidos em 2019, somados a dados abertos, nos permitiram realizar uma investigação em larga escala na Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF). Este projeto reune dados geofísicos, geomorfológicos, petrofísicos, petrológicos, geoquímicos e isotópicos para avaliar individualmente os prospectos de ouro na parte oriental do PAAF e utilizá-los na busca de novos alvos. O grande conjunto de dados independente também está sob escrutínio usando algoritmos de Deep e Machine Learning, melhorando sua interpretação. Com todo o conjunto de dados em mãos, o grupo GEOLIT discute a evolução da província, os estilos de mineralização e, em última instância, seu potencial para a exploração de ouro.
Eu me considero um pesquisador versátil. Minha paixão é, sem dúvida, o vulcanismo. Porém, tornar-me pesquisador em um país sem vulcões ativos me fez aprender a trabalhar melhor em outras áreas, sem perder de vista minha preferência. Também fez com que eu me comportasse melhor dentro de um grupo, mesmo que fora da minha área de atuação. A geofísica tem suas limitações físicas, mas a criatividade expande sua aplicação, e é aí que gosto de trabalhar. Não importa o que eu pesquise, procuro continuar explorando novas formas de entender a dinâmica dos vulcões ativos e seus produtos, mesmo muito depois de sua extinção.
Major Articles
Expanded Abstracts
Abstracts
Audiovisual Material
© All Right Reserved 2021 GEOLIT