GEOLIT - Grupo de Pesquisa de Geociências da Litosfera

Rômulo Bortolozzo

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Geólogo formado pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP em 2018 e com experiência na área de geociências e exploração mineral. Participou do mapeamento geológico da Folha Desemboque (1:100.000), parte do Projeto Triângulo Mineiro do programa de mapeamento geológico do Estado de Minas Gerais. Membro do UNESP SEG (Society of Economic Geologists) Student Chapter e presidente durante o período 2017-2018. Tem experiência com exploração greenfield de Zn e Pb na Faixa Vazante e atualmente é mestrando no Programa de Pós Graduação em Geociências e Meio Ambiente (IGCE – UNESP/Rio Claro), onde desenvolve estudos de química mineral em depósito magmático-hidrotermal de Au na Província de Alta Floresta.

Contexto geológico do garimpo filonar de Au ± Cu do Aguinaldo, na Província Aurífera de Alta Floresta (MT)

Aluno: Rômulo Bortolozzo

Orientador: Prof. Dr. Rafael Rodrigues de Assis

Os controles estruturais desempenham um papel importante em depósitos de ouro (e.g. Au orogênico), os quais servem como canais de permeabilidade e fluxo de fluidos na formação de zonas mineralizadas (Cox, 1999). Exemplos dos estilos estruturais que controlam as mineralizações podem ser zonas de cisalhamento dúcteis-rúpteis com movimentos transcorrentes ou oblíquos, zonas de empurrão, stockworks, redes de fraturamentos, zonas de brechas e zonas muito foliadas, que podem apresentar clivagens de dissolução por pressão, charneiras e eixos de dobras. Ademais, a maioria das principais ocorrências está localizada em estruturas de segunda ou terceira ordem, mas sempre nas proximidades às estruturas de escala regional (Eilu et al. 1999). O entendimento das diferentes estruturas e suas relações entre si (e.g. geometria e cinemática) é fundamental para a interpretação do sistema mineralizante. Por isso, a geologia estrutural atua como uma ferramenta integral e importante na exploração de ouro, em especial em depósitos auríferos estruturalmente controlados. 

Apesar de corresponder a uma das tipologias dominantes na província, apenas alguns depósitos filonares de Au, controlados por zonas de cisalhamento, foram objetos de estudos mais sistemáticos. A maior abrangência dos trabalhos tem ocorrido em sistemas de Au ± Cu disseminados em sistemas graníticos. Esse fato tem causado dissonância em relação aos modelos genéticos propostos aos distintos depósitos e ocorrências auríferas da PAAF. Os depósitos filonares de Au ± Cu, cujos veios mineralizados são controlados por zonas de cisalhamento que afetam tanto o embasamento quanto granitoides antigos e, portanto, estão posicionados em níveis crustais mais profundos, são interpretados como portadores de características similares aos modelos do tipo ouro orogênico (Siqueira, 1997; Santos et al., 2001; Paes de Barros, 2007; Silva & Abram, 2008), IRGS (intrusion-related gold systems; Paes de Barros, 2007) e intrusion-centered e/ou intrusion-related (Santos et al., 2001). Os sistemas auríferos representados por veios e sistemas de veios polimetálicos de Au + Zn + Pb ± Cu, por sua vez hospedados em vulcânicas, pórfiros e vulcanossedimentares, posicionam-se em níveis crustais mais rasos e, portanto, têm sido vinculados a sistemas epitermais do tipo low e intermediate sulfidation (Assis, 2011;  Bettencourt et al., 2016; Galé, 2018). Em contrapartida, os depósitos e ocorrências de Au ± Cu disseminados em granitos paleoproterozoicos têm sido relacionados à sistemas do tipo ouro-pórfiro (Assis, 2011; Assis et al., 2014; Bettencourt et al., 2016).

Figura 1 - Tipologias de veio no garimpo do Aguinaldo: (A) Veio estéril de quartzo ± ankerita ± dolomita; (B) Veio de quartzo com textura em pente deformada; (C) Veio de quartzo ± ankerita ± dolomita com sulfetação maciça (calcopirita ± pirita); (D) Veio de quartzo ± ankerita ± dolomita com sulfetação à base de pirita.

Teixeira (2015) individualiza diversas zonas de cisalhamento NW-SE na região de Flor da Serra (município de Peixoto de Azevedo), dentre elas a zona de Cisalhamento Peteca. Esta zona engloba inúmeras ocorrências e depósitos auríferos filonares, a exemplo do Peteca, Geraldo, Gringo, Buriti e Alvo PAZ. Similar ao que ocorre em Flor da Serra, o município de Nova Guarita concentra diversos garimpos explotados a partir de filões estruturalmente controlados e de direção NW-SE e N-S, a exemplo do garimpo estruturalmente controlado do Aguinaldo (Figura 1). Em princípio, essas mineralizações poderiam estar enquadradas no grupo de sistemas de Au ± Cu filonares, entretanto, a inexistência de estudos sistemáticos na região não permite reconhecer seu modelo descritivo, tampouco, genético. Seriam esses sistemas auríferos derivados da percolação de fluidos metamórficos decorrentes do cisalhamento, ou corresponderiam a antigos sistemas magmático-hidrotermais deformados? A região apresenta algum padrão geológico que permita a ocorrência desse tipo de mineralização? Esse trabalho, portanto, propõe a resolução de parte dessas questões a partir do estudo sistemático do inédito garimpo filonar de Au ± Cu do Aguinaldo.

Publicações

Resumos

 

    1. Bortolozzo, R., Nardy, A.J.R., 2015. Litoestratigafia do vulcanismo ácido mesozóico da Província Magmática do Paraná. XXVII CIC – Congresso de Iniciação Científica da UNESP.

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